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Foto do escritorErilza Faria

O que falta para conseguirmos lidar com a ansiedade?

Atualizado: 14 de ago. de 2020

Estar ansioso parece que tem sido um dos grandes males desse século! Pelo menos do ponto de vista emocional. A ansiedade pode produzir diversos sintomas, reações e até doenças psicossomáticas.


E o que eu mais tenho percebido em minhas experiências pessoais e nos relatos que ouço, é que o principal motivo para essa ansiedade parecer tão avassaladora e às vezes, realmente dominar corpos e emoções, é que nos falta parar e nos observarmos. A ausência da autopercepção em alguns casos é alarmante – falta consciência corporal quando não se percebe os sinais que o corpo dá, falta olhar bem para a situação para entender o que está acontecendo e, principalmente, falta voltar os olhos para si mesmo e para como se está se posicionando emocionalmente em cada momento.



Como bem escreveu a jornalista Eliane Brum para o El País em 2016, parece que virou condição humana estarmos “exaustos-e-correndo-e-dopados”. Absorvemos uma rotina de produção e desempenho e acabamos entrando quase que no “modo automático”. A ansiedade vai chegando, vai nos agitando ainda mais, não vamos percebendo ou deixamos pra lá. Quando nosso corpo começa a dar sinais de que a tensão está forte, de que há muitas questões ou muita energia em uma situação que precisamos administrar, ou de que estamos com tanta insegurança e medo que não conseguimos mais seguir adiante, estranhamos – o que já é um alerta do nosso corpo... mas ignoramos, na maioria das vezes. Geralmente só se busca ajuda quando os sinais começam a aparecer e interferir na nossa saúde física, pois enquanto as questões estão mais no âmbito psicológico tende-se muito a menosprezar e dar menos importância à sua gravidade.


Mas, voltando ao que eu dizia, começamos a fazer tudo no modo automático e deixamos de nos perceber dentro de cada situação. E então fica essa reflexão tão pertinente feita pela Eliane Brum: “Conectados ao planeta inteiro, estamos desconectados do eu e também do outro. Quando tudo é urgência nada é urgência. Ao final do dia que não acaba resta a ilusão de ter lutado todas as lutas, intervindo em todos os processos, protestado contra todas as injustiças. Os espasmos esgotam, exaurem, consomem. Mas não movem. Apaziguam, mas não movem. Entorpecem, mas será que movem?”


Assim, encerramos nossos dias exaustos, extremamente entorpecidos de tantas coisas a administrar. Em muitos casos se recorre às medicações para acalmar o corpo cansado, dopando os sinais que ele envia, em busca de resultados imediatos, evitando conectar-se consigo mesmo, pois isso pode significar colocar o dedo em algumas feridas ou nos fazermos provocações que não estamos totalmente dispostos a atender.


Tão acostumados à “correria do dia-a-dia” não conseguimos desacelerar, relaxar e nos desligarmos das tensões. Olharmos calmamente para nós mesmos, nos cuidarmos e nos reorganizarmos no presente para o amanhã que virá (fonte de toda nossa angústia e incerteza, mas de toda nossa força e esperança).


Enquanto se está com a autoimagem partida, não se percebendo por completo, fica muito difícil lidar com qualquer situação. Essa autopercepção se consegue com esforço pessoal. É preciso parar, desacelerar os fluxos da correria, respirar bem fundo e sentir seu corpo no lugar onde está – o ar entrando e saindo nos pulmões por suas narinas, a pele arrepiando... Aos poucos você vai voltando para sua morada dentro de si mesmo e consegue a partir daí, com mais calma e mais empoderamento, analisar a situação tensa que se apresenta, organizar suas prioridades e definir suas ações, ao invés de correr e ficar exausta por querer dar conta de tudo de uma só vez.

Faça essa experiência. Exercite sua autopercepção e me conte se te ajudou a lidar com a ansiedade.
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