As pessoas com pensamentos suicidas costumam se sentir solitárias, inseguras e incompreendidas. De modo geral, a sociedade é frequentemente crítica e julgadora e por isso muitos preferem se calar e tentam superar as adversidades sozinhos, o que torna ainda mais árduo atravessar esses momentos. Quando é possível ser ouvido e se sentir acolhido, é possível sentir-se mais fortalecido. Superar o tabu para falar de sentimentos suicidas, conseguir admitir para si mesmo suas dores e buscar apoio a fim de compartilhá-las é uma grande chave para prevenir o suicídio.
Da história que motivou a Campanha Yellow Ribbons das fitinhas amarelas, nos EUA à Campanha do Setembro Amarelo, no Brasil, e a definição pela OMS do dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, entendemos que o suicídio pode ser prevenido quando permitimos que as pessoas tenham liberdade e se sintam confortáveis para falar sobre seus sentimentos, quando somos empáticos e buscamos acolher e compreender o sofrimento do outro sem julgamentos.
Em 1994, no Colorado-EUA, o jovem Mike Emme morreu por suicídio por não saber como pedir ajuda, o que acaba sendo mais comum do que se pensa em casos de sofrimentos psíquicos como depressão e ansiedade, por exemplo. Estas síndromes, transtornos e outras situações que vão sendo guardadas pela pessoa, vão afetando o comportamento de forma silenciosa, às vezes se passam por simples tristeza ou por supostas características da personalidade do indivíduo.
Mike provavelmente sofria de depressão. Sem tratamento e sem apoio – talvez até mesmo por não saber do que se tratava, sem compartilhar seus pensamentos com ninguém, ele chegou à conclusão de que tirar a própria vida resolveria seu problema.
Os pais e amigos não conseguiam entender como não perceberam que ele não estava bem. Mike nunca havia dito nada sobre seus sentimentos, nem expressado nada que indicasse que estava atravessando um período de depressão. Eles concluíram que se Mike tivesse se aberto com alguém, contado pelo que estava passando, sua partida precoce deste mundo poderia ter sido evitada.
Por isso a importância desta campanha em alertar e dizer para quem está passando por um momento de sofrimento intenso buscar alguém para conversar e pedir ajuda. Pois quando a pessoa consegue se abrir e encontra um lugar de escuta e apoio, abre-se um caminho para ressignificar a própria vida.
Se alguém vier conversar com você sobre estar se sentindo assim, mesmo que você não saiba bem o que fazer, lembre-se dessas dicas: escute atentamente, acolha e busque não julgar; você não é responsável pela salvação dessa pessoa, mas faça sua parte e não deixe de indicar o caminho para um profissional que vai fazer um acompanhamento qualificado do caso. O papel da Psicologia nesses momentos é acolher e ressignificar os sofrimentos, levando a uma melhor compreensão da situação e possibilitando uma ampliação de perspectiva de vida.
A prevenção ao suicídio, assim como o debate sobre pensamentos suicidas, depressão e demais questões de saúde mental, precisam ser cuidados durante todo o ano e não apenas em meses temáticos, justamente por abarcarem questões de saúde pública da população. O CVV - Centro de Valorização da Vida – funciona durante o ano todo, disponibilizando o número de telefone 188, além de chat on-line e e-mail com pessoas disponíveis para escutar o outro e acolher seu sofrimento.
De fato, enfrentar problemas, aguentar situações duras, passar por momentos tensos, questões financeiras, questões de relacionamentos ou no trabalho, transtornos psicológicos, não é fácil. É realmente difícil atravessar momentos da vida como esses, mas encerrar a vida, não traz soluções, nem tranquilidade para a resolução de um problema, pelo contrário, aumenta a dor e a angústia.
Fale sobre sua dor, procure ajuda e um atendimento qualificado com profissionais de saúde mental. Não permita que a vergonha, dúvida ou medo de se abrir o impeça de buscar apoio para se fortalecer e superar.
Se você tem sintomas de depressão ou pensamentos suicidas busque ajuda. Uma boa forma de fazê-lo é ligar para o CVV no número 188 (ligação gratuita) ou acessar o site da organização, que oferece apoio psicológico a quem só precisa conversar – e também recruta voluntários, mediante um programa de treinamento. E, o mais importante, procure apoio psicológico de um profissional.
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